cornetada vitoriana 278: Ficou barato

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O caos

Segundo diversas tradições mitológicas, caos é o vazio primordial colossal, ilimitado e indefinido, que precedeu e propiciou o nascimento de todos os seres e realidades do universo. Para a filosofia, similarmente, é o estado de caráter desordenado e indiferenciado de elementos que antecede a criação dos tempos. É a bagunça, a desarmonia, a confusão. Podem chamar o Flamengo que vocês viram (não) jogar ontem contra o Cruzeiro disso tudo aí acima.

Não dá pra esperar resultados diferentes fazendo a mesma coisa sempre. Esse é um bom conceito para a palavra burrice. Não quero exatamente atribuir a alguém a alcunha de asno, mas não se pensa futebol com o estômago. Quem faz isso é conhecido como torcedor. Estamos um pouco longe ainda de nos impormos frente a times preparados, bem treinados, e, sobretudo, velhacos, como de regra são os times comandados pelo Brother Menezes. Acho que ele só não conseguiu isso no próprio Flamengo de 2013, razão pela qual, acho, ele pediu penico e vazou pela porta dos fundos. Dane-se!

Fato é que o menino Barbieri careceu de um pouco de malandragem ontem, o que sobra no técnico norte-uruguaio. Até demais. Liderar a maior parte do Brasileirão não credencia time nenhum a dormir no ponto e perder o ônibus rumo ao triunfo nas demais competições. Sapatinho mode on e oba-oba nível zero deveriam ser estatutários no Clube de Regatas do Flamengo. Escalar o time apropriado pra jogar contra uma equipe experiente também seria aceitável e mais produtivo. Me pareceu que o Cruzeiro entrou pra espremer, pra não deixar o Flamengo jogar, jogar mesmo, ir um pouco além de ficar com a bola nos pés. Jogar no sentido de fazer jogadas, de atacar, de infiltrar e chutar a gol. 66% de troca de passes estéreis na frente do círculo central não servem. E o Mano conseguiu neutralizar isso tudo simplesmente impedindo o Fla de fazer o que faz de melhor: atacar. É bem verdade que um gol antes dos primeiros 10 minutos de jogo ajudam muito. Foram decisivos ontem. Para o nosso lamento. Para a nossa tristeza. Ah, desnecessário lembrar que esses 2 a 0 são uma merda em si, mas no Maraca, foram o horror.

A coisa estava tão feia que o mito (ahah) Dedé, notável por ser um dos maiores clientes pessoa física que o Flamengo já fidelizou, se criou pra cima da gente. Bizarro! E o Fábio, que fez a carreira praticando as defesas mais difíceis que um goleiro pode fazer somente contra a gente, nem sequer sujou o fardamento. Sei porque acompanho!

Falando em horror, já está mais que na hora de a diretoria fodástica Rubro-Negra atentar para o fato de que é mais importante ter torcedores apoiando que sócio-torcedores tirando onda. Não, uma parte maior dos ingressos não tem que custar um rim e ir pras mãos da galera de iPhone. Sim, o humilde trabalhador das massas ignaras, assalariado, sofrido e desdentado, tem que ter mais acesso em jogos grandes como o de ontem. A empolgação da Magnética não vem do Leblon. Ou que essa galera aprenda a torcer. Não tenho nenhuma inclinação a apoiar essa aberração esquerdista (mais uma!) de “função social” das coisas. Estou egoisticamente pensando é na energia que a massa entrega ao time, o que a turma da camisa Tommy Hilfiger e do cardigã nos ombros infelizmente não consegue sozinha. E o Fla tem receitas diversas de monta elevada o suficiente para não precisar ser mesquinho na hora de precificar ingresso.

Outra conclusão a que cheguei nos últimos dias, principalmente após as duas derrocadas nos últimos dois jogos: não dá pra ganhar tudo. Tríplice coroa é algo que nunca aconteceu no Brasil e, na Europa, ocorre bissextamente, e com times de outros planetas. Portanto, a adversidade do malogro em um dos três torneios de maior monta do calendário não pode ser vergonha. Vergonha é como será isso. Espero que a potencial eliminação nesta Libertadores, torneio com o qual estou quase afirmado que somos incompatíveis, seja a única neste resto de temporada. A ver.

Flamengo 0X2 Cruzeiro, Copa Libertadores 2018, Oitava de Final – ida.

Flamengo até morrer!

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