É, meus chapas, o que dizer do que nossos cansados e pasmos olhos viram na capital cearense de todos os Rubro-Negros no dia de ontem? Um Flamengo guerreiro, brioso, talentoso, com garra acima até da média flamenga, errando muito pouco. Aforantemente as derrapadas habituais, como as falhas bisonhas e faltas imbecis do nosso querido Whelinton, a inoperância do Egídio no tempo em que esteve em campo e a falta de objetividade da estrela da companhia R10 nos últimos 70 minutos de jogo, fizemos uma apresentação digna. Falando nisso, uma brecha para uma cornetada sobre o cara: ontem, ao menos nos 20 minutos iniciais, o cara mostrou um pouco mais de futebol pra frente, sem aqueles irritantes passes de lado e tentativas frustradas de dribles a la foca.
Bom, o cenário era inóspito pra massa Rubro-Negra dos quatro cantos do mundo. Como poucas vezes se vê em estádios Brasil afora, a animadinha torcida adversária tomou a infeliz arena, numa prova irrefutável de que ninguém ali foi ver o pequeno Ceará, mas o Esmagador Flamengão. O campo, depois de uma providencial chuva dos infernos, parecia pasto e, de tão pequeno, deve servir de palco para peladas de futebol soçaite quando o Flamengo não joga alí. Isso tudo ajudou muito a atrapalhar, mas não evitou a melhor apresentação do Flamengo no ano e o melhor jogo de futebol da temporada até o momento.
De bom nisso tudo, alguma coisa dá pra tirar. O Bottinelli me parece estar acertando naquele meio ali, junto com o Renato Canelada. O Thiago Neves já é melhor que o do Flor, e ainda vai dar muitas alegrias pra Magnética, escrevam isso aí. Joga muito, muita vontade e excesso de habilidade. Temos um time base, variamos jogadas, temos alternativas e, se não somos melhores, a culpa é da falta de um zagueiro, de um lateral esquerdo e de, talvez, um atacante goleador. Digo talvez porque o Wanderley mostrou a raça de sempre, mas uma aplicação tática que não tinha visto ainda. Só não pode perder gol em cima do goleiro, né, irmão, ainda mais quando o goleiro é o notório Manos de Taco tricoleta, infelicidade do folclórico ludopécio brasileiro, pródigo em criar personagens os mais bizarros possíveis, e que só consegue trabalhar direito contra o Flamengo.
Um pênalti no argentino não marcado, a farta distribuição de cartões amarelos para os nossos jogadores, outro (é, eu disse outro) gol em lance envolvendo a mão de um jogador adversário, uma expulsão injusta em uma falta que nem falta foi, a expulsão de nosso técnico quando este estava claramente retirando os jogadores de perto do trio calafrio de arbitragem, nada disso encobre o bom futebol jogado pelo Flamengo ontem. Mas falar de arbitragem (ou de não arbitragem) não combina com as maiores tradições Rubro-Negras. Mas que fomos roubados, e muito, ah, fomos!
A nota triste de verdade da noite fica por conta, de novo, do truculento, despreparado e mal-educado policial militar escalado pra sentar o cacete na mulambada em campo. Esse infeliz deveria pedir pra nascer de novo, imperiosamente com aptidão para outra carreira que não a que cuida da segurança do bom povo cearense do Ceará.
Em uns dez dias começa o Brasileirão. Vamos com um time forte, uma base boa, e podemos sonhar com o hepta, sim. Futebol nós temos. Adversários fraquinhos, sem tradição e sem camisa como o de ontem também. E esse grupo é vitorioso. Mostrou isso até na derrota.
Flamengo até morrer!